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John Donne

A Sociedade Só Valoriza a Escola Quando Lhe Convém

Foto de arame farpado, guerra - Duvid Geografia
  • Por Leandro Henrique da Silva
  • 14 de maio de 2024.

Vivemos em uma sociedade que frequentemente proclama a importância da educação. Os pais, as autoridades e os meios de comunicação exaltam o valor da escola como o caminho para um futuro melhor. No entanto, essa valorização é genuína ou é apenas conveniente? Quando a rotina escolar é interrompida por greves, muitas vezes vemos uma indignação que revela a verdadeira natureza do interesse pela educação. Vamos explorar essa questão e refletir sobre o que realmente significa valorizar a escola.

A educação é frequentemente vista como a pedra angular do desenvolvimento pessoal e social. Contudo, esse respeito aparente pela escola é, muitas vezes, superficial. Quando os professores entram em greve para reivindicar melhores condições de trabalho e salários justos, a reação de muitos pais não é de apoio, mas de irritação. Eles veem a greve como uma inconveniência, uma interrupção em suas rotinas, e não como um reflexo da desvalorização sistêmica do papel do educador.

Por que essa discrepância? Por que a educação é valorizada apenas quando as escolas estão funcionando sem problemas? A resposta está na hipocrisia que permeia nossa sociedade.

"Valorizamos a escola como um meio de manter as crianças ocupadas, como uma guardiã conveniente que nos permite seguir nossas próprias rotinas. Quando esse serviço é interrompido, o verdadeiro valor que atribuímos à educação – ou a falta dele – se torna evidente."

A indignação dos pais durante as greves revela uma visão míope. Em vez de enxergar as greves como um sintoma de problemas mais profundos no sistema educacional, muitos veem apenas a superfície do problema: a inconveniência temporária. Isso reflete uma abordagem utilitária da educação, onde a escola é valorizada não por seu papel transformador na vida das crianças e dos jovens, mas por sua função prática de cuidado durante o dia.

Devemos questionar se realmente valorizamos a educação ou se estamos apenas interessados em torná-la uma extensão de nossas próprias ambições. Em quase 20 anos trabalhando em escolas, poucas vezes presenciei a participação efetiva da comunidade no desenvolvimento das instituições escolares.

A sociedade quer ganhos e recompensas, assim como os políticos oportunistas e burocratas de plantão. No entanto, a escola não é um palco isolado da sociedade, e tampouco será uma empresa; ela possui outras finalidades. Esse conjunto de ideias advindas do senso comum permeia a escola atualmente, transformando-a em um espaço de competição e comparação, com o objetivo de obter bons resultados em rankings de provas.

Os jovens sofrem pressão para se adaptarem a um sistema focado apenas na transmissão de conhecimento, enquanto carregam a arrogância e o desrespeito por aqueles que vivem as mazelas dos problemas sociais no ambiente escolar, ao mesmo tempo, em que resistem para manter a existência do espaço escolar livre. Nos afastamos da verdadeira finalidade da escola: o desenvolvimento integral do ser humano. Para que isso ocorra, precisamos valorizar genuinamente os educadores e o processo educativo.

É essencial refletir sobre nossa atitude em relação às greves dos servidores da educação. Em vez de reagir com frustração, deveríamos nos perguntar: por que os trabalhadores sentem a necessidade de recorrer a greves? Quais são as condições que levam a tais ações? Valorizar a escola plenamente significa apoiar aqueles que dedicam suas vidas à educação, reconhecendo suas lutas e necessidades.

A sociedade, portanto, só valoriza a escola quando lhe convém. Este é um fato desconfortável que precisamos enfrentar. Para realmente valorizar a educação, devemos olhar além da conveniência imediata e nos comprometer com um apoio genuíno e constante ao sistema educacional e seus profissionais. Só assim poderemos criar um ambiente onde a verdadeira educação – aquela que transforma vidas e sociedades – seja possível.

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